Hotel icónico e representativo dos anos 50, o Ritz Four Seasons é quase uma súmula das artes decorativas portuguesas. Enquanto o piso da entrada foi classificado, mantendo-se praticamente inalterável desde a sua génese, os quartos e suites foram remodelados, nos anos 80, pelo francês Pierre-Yves Rochon. Por piso, reformulando a modernidade do equipamento existente, o designer trouxe o classicismo para o interior dos quartos inspirando-se nos estilos Luís XVI, Art Déco e Biedermeier.
As intervenções que os quartos sofreram ao longo dos 40 anos seguintes, fruto da necessidade de manutenção e adaptações técnicas, provocaram uma descaracterização que se foi acentuando pela desatualização das soluções existentes. A longevidade desta situação foi possível manter pela qualidade espacial e construtiva que esteve na origem da edificação.
RITZ FOUR SEASONS
LISBOA, PORTUGAL
A proposta desenvolvida por Pilar Paiva de Sousa, para uma nova remodelação dos quartos do hotel, tinha como premissa do proprietário o reaproveitamento do mobiliário pré-existente dos diferentes estilos. As zonas comuns classificadas mantiveram o estilo intemporal imprimido por Henri Samuel, associando uma tendência Art Déco ao estilo Luís XVI, ampliado pela escolha dos materiais utilizados e pela qualidade e acabamento incomparáveis dos artesãos tradicionais portugueses. Uma série de artistas notáveis nacionais, pintores, escultores, foram convidados a conferir o seu próprio legado individual e vibrante através de artes decorativas. Nesse sentido, a proposta da PPS procurou uma abordagem arquitetónica com uma linguagem de continuidade do estilo eclético de Henri Samuel e Lucien Donnat que permitisse, por um lado, ser uma base elegante de integração dos diferentes estilos de mobiliário e, por outro, formasse um fio condutor entre os quartos.
Nesta proposta, detalhes de desenhos dos anos 40 revisitados, cores suaves e materiais nobres contribuíram para uma harmoniosa mistura de estilos. A arte está presente no interior dos quartos através de painéis em baixo relevo, desenvolvidos pela artista Iva Viana, representando a segunda arte decorativa portuguesa – o estuque.